Você já ouviu falar da campanha "Janeiro branco"?
Sabe do que se trata?
Muitas pessoas têm aderido a esta sensibilização que nada mais é do que uma alternativa para alertar a população sobre a importância do cuidado com a saúde mental. Trata-se de uma campanha que surgiu em Uberlândia, em 2014, e hoje atinge várias cidades brasileiras, incluindo Santa Maria.
Escolher janeiro para se dedicar a reflexões sobre a saúde mental é pertinente. É a partir do primeiro mês do ano que se colocam muitos projetos em prática e começamos a escrever uma nova história, mas para isto é necessário que estejamos bem não só fisicamente, mas sobretudo, emocionalmente. Além disso, é necessário que as pessoas estejam mais apropriadas de suas vidas, que possa refletir sobre diferentes questões, o que pode ocorrer através de um acompanhamento profissional especializado.
Entre os objetivos desta campanha, estão a possibilidade de inserir a temática na comunidade, desenvolver ações voltadas à qualidade de vida pessoal e relacional, difundir um conceito ampliado de saúde mental e refletir sobre situações cotidianas que interferem na saúde, especialmente sob o ponto de vista psicológico. Um aspecto interessante é que campanhas como essa podem deslocar a intervenção dos profissionais do enfoque curativo e consideram a possibilidade de intervir precocemente ou prevenir um agravamento de situações. E discutir um tema que ainda é tratado com pouca importância ou atravessado por muitos tabus e temores. É comum as pessoas sentirem medo de procurar um profissional para realizar o tratamento psicológico ou psiquiátrico quando surgem os primeiros sinais de que algo na vida não vai tão bem.
A saúde mental de uma pessoa sofre influência de diferentes fatores sociais, psicológicos e biológicos. Dificuldades em um campo podem afetar outro. Uma pessoa com depressão pode comprometer outras dimensões da sua vida, como a capacidade de trabalhar, de estudar, de conviver com amigos entre outras. Os estudos na área da psicossomática também nos alertam para a situações em que alguns sintomas físicos podem estar relacionados a dificuldades emocionais.
Dados epidemiológicos indicam que agravos à saúde mental, especialmente a depressão e a ansiedade, têm crescido nos últimos anos e atingido um número cada vez maior de pessoas. Mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão no mundo.
No campo econômico, dois aspectos merecem ser discutidos: primeiramente, indicadores que mostram que mais de 1 trilhão de dólares são perdidos na economia global frente a um cenário em que pessoas que enfrentam problemas como esses se encontram, especialmente por desconhecerem formas de tratamento ou por avaliações imprecisas que não colaboram com o seu tratamento. O outro aspecto é que, muitas vezes, as pessoas deixam de buscar atendimento especializado por entenderem que o tratamento é caro, demorado ou por preconceito. Muitos estudos demonstram que menos da metade dos afetados recebem tratamento adequado. Porém, a falta de informação e de tratamento para a pessoa que está em sofrimento psíquico ou que apresenta algum desconforto ou dificuldade emocional pode agravar e trazer prejuízos maiores ainda para a vida das pessoas.
Por isso, o psicólogo dentre outros profissionais capacitados para cuidar da saúde mental pode contribuir de maneira significativa para o enfrentamento destas dificuldades e auxiliar na qualidade de vida, seja diante da prevenção, orientação quanto do tratamento do sofrimento psíquico. Para tanto, é necessário romper com a ideia de que a pessoa que procura esta forma de atendimento é "louca", "fraca" ou "não tem controle sobre a sua vida", mas que é alguém que deseja se apropriar da autoria de sua própria história.